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Death Stranding Director’s Cut : Nossas considerações sobre a versão completa do Kojima

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Fala queridos amigos do Playnation Brasil, recebemos  a missão de fazer nossas considerações sobre a versão do diretor de Death Stranding da mente brilhante Hideo Kojima.

Ainda tudo o que falarmos nem de perto revela a magnitude do impacto que as obras do Kojima estabeleceram no universo dos games.

Para fazermos uma breve introdução a nossas considerações temos que ressaltar a importância da criação de Kojima no cenário, e tudo começa com METAL GEAR.

 

Hideo Kojima é um designer japonês de jogos eletrônicos que trabalhou para a Konami, foi vice-presidente da Konami Computer Entertainment Japan e é o diretor-executivo e chefe de estúdio da Kojima Productions, que foi fundada em 2005 e renovada em 2015 por ele.

Hideo é o criador e diretor de várias séries de jogos populares, incluindo a série Metal Gear, Snatcher e Policenauts, além de Zone of the Enders e Boktai. Kojima é constantemente reconhecido por fãs e especialistas da indústria de videogame como um dos mais influentes e inovadores diretores e roteiristas de jogos eletrônicos de todos os tempos.

Metal Gear influenciou o universo dos jogos e como as industrias tiveram uma percepção sobre jogos de espionagem, Kojima sobre tudo é famoso pela forma que narra seus jogos de forma “cinematográfica e enigmática”. Seu primeiro jogo lançado foi Metal Gear, para MSX2. Lançado em 1987 foi um sucesso de crítica, tendo sido aclamado em praticamente todo o mundo, com exceção dos EUA — País este onde o MSX não encontrou espaço comercial devido ao domínio do console de 8 bits NES, (também conhecido como Famicon no Japão).

Em 1990 ele lançou Metal Gear 2: Solid Snake para MSX somente no Japão. Foi muito aclamado no Japão pelo seu modo sofisticado e historia intrincada, já que adicionou muitas mudanças significativas na série Metal Gear, muitas depois levadas a Metal Gear Solid. Foi dada muita importância à caracterização do cast e muita ênfase a historia através das “cut-scenes”, que tratavam sobre os efeitos da guerra. Outras mudanças foram: a melhora na IA, a habilidade de rastejar, a adição do radar entre outras coisas. Apesar do sucesso no Japão, ele foi lançado no ocidente apenas em 2006, como bônus de Metal Gear Solid 2: Subsistance.

Toda esta abordagem de fato é para que possamos entender o peso das produções do Kojima e em Death Stranding não é diferente. O jogo dividiu opiniões e ainda o fazem mesmo depois de ter sido um sucesso. Kojima mais uma vez reinventa a “roda” e trás um jogo nos moldes da estrutura de Metal Gear 5: The Phantom Pain (Como assim?).

Ao passo que você joga Death Stranding você começa a perceber os traços característicos de Kojima já consagradas em MGVPP como  correr, abaixar, se esgueirar furtivamente, até mesmo a precisão de combate (quando no uso com a corda) para imobilizar o inimigo, lembrando o famoso Combate de curta distância (CQC).

Kojima aborda um jogo realmente fora da “caixa” e apesar de muitos fazerem memes sobre ser um jogo de entrega ou como chamam de “correios simulator” (O que irá afastar a muitos) o jogo aborda uma temática muito atual, justamente sobre “CONEXÕES”.

O universo de Death Stranding fala sobre um período de devastação após a explosão do misterioso DEATH STRANDING, Sam Bridges vivido nada menos que pelo Norman Reedus terá a árdua missão de unificar o país United Cities of America (UCA) criando conexões entre as bases que restaram, para você entender melhor funciona como Zion da Matrix, o fenômeno arrasou todo o país e as guerras e conspirações separatistas de organizações criminosas levaram ao acontecimento do DS.

A Bridges é uma organização que trabalha justamente para criar estas conexões através de restauração não só de dados como também de transportação de suprimentos e cargas para as cidades que ficaram devastadas, mas por mais que tudo pareça simples é muito mais complexo do que se imagina. Com o avanço da tecnologia a rede controla e fornece uma conexão monstruosa ao qual com seu projeto ambicioso de reconstrução usa monstruosos equipamentos de impressoras digitais que recriam desde estruturas como abrigos, estradas, geradores e etc… Basicamente o intuito aqui é restaurar esta conexão através do fluxo de rede que irá compartilhar dados com estas bases que contém uma população submersa e que estão totalmente dependentes de ajuda e suporte em meio a uma terra desolada.

É ai que entra o nosso personagem Sam Porter Bridges que não tem nada de herói, pelo contrário, Sam não se vê como um e não pretende ser um herói também, Sam tem seus “demônios” e seus problemas sobre sua vida e sua existência, e aqui o papel do Norman  é perfeito para dar a vida ao nosso personagem e criar esta situação conflituosa entre ele e o mundo.

OS PERSONAGENS

Aqui nós teremos inúmeros personagens que são a chave para a trama do jogo, dentre eles o diretor Guillermo Del Toro também aparece no jogo, mas sua voz e movimentos foram capturados por outra pessoa, ele é o Deadman um personagem que é essencial para descobrirmos a trama sobrenatural por trás do Death Stranding, ele que estará junto com o Sam para fornecer informações sobre o conceito de “Vida e Morte” pois ao que parece todo este fenômeno envolve uma conexão com outra dimensão que é revelada como a linha entre a vida e a morte citada através das “PRAIAS”.

Existem outros personagens, mas iremos nos manter aqui para evitar maiores spoilers, esta pequena introdução é justamente para você entender que o jogo vai além do PRÉ “CONCEITO” de que se resume em um jogo de correios…

A VERSÃO DO DIRETOR

Quando jogamos a primeira versão no PS4 o jogo já era bonito e bem trabalhado, agora no PS5 o jogo está mais lindo ainda, e também tem sua versão para PC deixando evidente como foi trabalhado para a nova geração.

Na versão do diretor da mente do desenvolvedor de jogos lendário Hideo Kojima, nasce uma experiência que redefine um gênero, agora expandida e remasterizada neste Director’s Cut definitivo, ela contém os seguintes atributos:

– Versão remasterizada para o console PlayStation5 – contendo um combate avançado e do sistema de classificação competitivo inédito.
– Conteúdo expandido –  armas e veículos adicionais, novos inimigos e locais inéditos com missões e minijogos extras.
– Novas descobertas – história estendida em uma área ampliada.
– Sistema de cordão social – conexão com jogadores do mundo todo.

Como exatamente funciona esta conexão cooperativa? O jogo aborda um sistema baseado no conceito das REDES SOCIAIS, e aqui literalmente o trabalho de equipe faz a força.

A medida que você vai construindo suas instalações, o jogo oferece um sistema de RANKING onde seu nível de entrega classifica o quão habilidoso você é, isto não é novidade ainda mais no período de pandemia em que vivemos, onde foi o período em que mais precisamos do serviço delivery a saber UBER EATS, IFOODS, AMAZON e etc. E tanto o tempo de entrega quanto a forma como a mercadoria chega para nós é o que determina nossa avaliação para aquela determinada empresa ou entregador, quem pega o UBER nos dias de hoje sabe muito bem como esta classificação funciona, então é exatamente isto que o jogo aborda.

Vale considerar que quando o jogo foi lançado em novembro de 2019, não tínhamos ainda a dimensão do que representava este jogo na visão de Kojima, hoje mais do que nunca tudo faz o maior sentido e vemos que o cara literalmente esta a frente de seu tempo.

 

MAIS DO QUE UMA CAMINHADA 

Aqui Kojima desafia literalmente a física e tenta ao máximo trabalhar com a sensação da “labuta”, da dificuldade em meio a diferentes terrenos, climas, incluindo limites físicos, fenômenos  e etc.

A cada vez que Sam parte para uma entrega não se resume simplesmente em colocar a carga nas costas e partir, acredite isto tem um preço muito alto caso você não se preparar adequadamente, cada entrega exige uma administração do que será essencial para você levar na missão, e isto envolve não só sua carga que já é pesada e requer uma atenção pois a condição ao qual ela chegará ao destino determinará sua reputação no jogo. Você ainda tem os eventos que ocorrem na trajetória, como ser atacado pelas “mulas” que são parte uma organização que em meio a escassez e desolação ainda roubam a carga e destroem seus equipamentos bem como são um dos culpados pelo DEATH STRADING.

Você deve se perguntar: “Porque não sair como um RAMBO dando tiro em todo mundo como em METAL GEAR?”

É aí que esta o segredo, você pode, mas isto terá consequências CATASTRÓFICAS, a morte aqui não é uma opção e você entenderá o porque. Você terá em algum momentos armas LETAIS no jogo assim também como armas atordoantes e armas para combate as entidades chamadas EPs.

A munição não é infinita e requer cautela para sua administração, Kojima se preocupou com cada detalhe e como você administraria sua jornada, ao passo que você ganha a confiança das bases e personagens ao qual você efetuará entrega e eles lhes fornecerão novas tecnologias para ajudar em seu avanço. Nesta versão do diretor uma das coisas mais eficientes é o triciclo com  bagageiro ou seja o limite de carga é alto, e quanto mais carga você levar mais rank você terá e consequentemente melhores equipamentos.

MODO ONLINE

Como falamos anteriormente o jogo conta com um sistema cooperativo e as pessoas online neste jogo te ajudarão nesta empreitada, isto acontece porque a medida que você avança você ao restaurar as conexões da Rede Quiral do jogo em determinada região isto abrirá o mapa (como em Assassin’s Creed) e com isso você poderá ter acesso a equipamentos e construções de jogadores que estão online, quanto mais você se relaciona com estes jogadores mais reputação você terá, existem armários compartilhados espalhados pelo mapa que terão cargas de outros jogadores que em algum momento perderam suas cargas, e se você pegar estas cargas e entregar elas ao destino você receberá um bônus de recompensa. Como estamos rejogando o jogo nesta versão para o PS5 então tudo parece mais “FÁCIL”, para você chegar a determinadas áreas você precisa construir estradas através do avançado sistema de impressoras Quirais, mas isto não é nada simples, isto exige equipamentos para a impressão destes materiais e  você tem que fazer o grinding destes materiais e muitos deles são extremamente pesados e demandam uma grande quantidade para serem levados nas costas, é ai que entra o modo online pois outros jogadores podem iniciar uma construção e você pode completar esta construção e outro jogador pode ajudar a construir também(é como o sistema de SEEDS no dowload torrent) e assim uma comunidade inteira online vai se ajudando no jogo e isto pode ser uma mão na roda.

VEREDITO

O jogo, como mais uma das obras do Kojima, está incrível e não deixa a desejar em nada.

Sua versão do Diretor esta incrível e é um jogo que ainda vai dividir opiniões, pois, se o jogador procura ação como em Call of Duty ou Metal Gear sairá frustrado, esse jogo tem seus momentos de tensão e ação mas seu foco não é essa abordagem, é um jogo sobre exploração e estratégia TATICA (como em metal Gear) mas com uma abordagem diferente que chega a ser “Poética”.

A trilha sonora é incrível, a variação de ambientação entre as regiões é bem crível , você sente cada dificuldade a medida que avança e percebe o quão profunda é a trama do jogo, típico do KOJIMA.

 

Recomendamos muito a todos que possam ter essa experiência, que aproveitem, vale a pena provar dessa nova visão sobre os jogos que de tempos em tempos surgem através de mentes como a de Hideo Kojima.

 

 

Mayckon Almeida mais conhecido como Fleshbonez artista dançarino,gamer,escritor de um blog chamado Krumpology e Youtuber com o canal KoéBuneco também é um dos nossos criadores de conteúdo.

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Análise – Prince of Persia: The Lost Crown

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Como um devoto fã da série Prince of Persia, especialmente da trilogia iniciada com Sands of Time, recebi com grande entusiasmo o anúncio do remake do mesmo título que infelizmente, permanece em um estado de limbo no momento. Neste meio tempo, fui surpreendido com Prince of Persia: The Lost Crown, anunciado em junho de 2023 e lançado no primeiro mês deste ano. Sua gameplay fluída e viciante me fizeram vir aqui contar o que eu achei deste jogo incrível que indica rumos interessantes para a franquia.

 

O novo protagonista Sargon no meio, e seus companheiros, os “Imortais”.

 

 

Uma Nova Perspectiva: Ao contrário das entradas anteriores, em The Lost Crown, não controlamos o Príncipe de Persia. Em vez disso, assumimos o papel de Sargon, um dos sete Imortais, guerreiros de elite encarregados de proteger a Pérsia, sua Rainha Thomyris e o Príncipe Ghassan. Com Ghassan sequestrado, os Imortais são enviados ao Monte Qaf, desencadeando uma aventura labiríntica para Sargon e seus companheiros.

O tempo passa de forma diferente no Monte Qaf de Prince of Pérsia e cabe aos jogadores entenderem o que é este mundo e como salvar o Príncipe raptado!

 

 

A Experiência Visual: No Nintendo Switch, onde realizei minha jornada, a paridade gráfica impressionou, mesmo em comparação com as plataformas mais potentes. Apesar de pequenos soluços ocasionais, a jogabilidade permaneceu fluida. The Lost Crown oferece uma exploração recompensadora no Monte Qaf, revelando-se em belos biomas, segredos intrigantes e atalhos estratégicos.

O jogo se passa no Monte Qaf, lar de um enorme palácio rodeado dos mais diversos biomas e locais variados como florestas, calabouços e um porto sinistro.

 

Combate e Personalização: O sistema de combate, iniciando simples com foco em bloqueios e parrys, evolui para uma experiência profunda, incorporando ataques prolongados, combos aéreos, extensores de combo à distância e muito mais. Amuletos especiais e os poderosos Athra Surges, obtidos através do combate, ampliam a personalização de Sargon. Encontros com inimigos e chefes desafiadores exigem astúcia e habilidade, proporcionando uma aprendizagem constante e gratificante.

Além das variações de ataques, ataques aéreos e defesas, um parry bem sucedido eventualmente desbloqueia cenas de finalização incríveis como esta.

 

Plataformas Desafiadoras e Personalização do Jogo: As seções de plataforma desafiadoras, combinadas com um sistema de respawn rápido, proporcionam uma experiência de tentativa e erro recompensadora. Com uma variedade de opções de acessibilidade, desde ajustes no timing de parry até a capacidade de pular seções de plataforma, The Lost Crown permite que os jogadores sintonizem a experiência de acordo com suas preferências. Ao iniciar o jogo, é perguntado se o jogador prefere uma experiência de descobrir tudo sozinho pelo mapa, ou se prefere que o jogo marque o que for encontrado em cada sala, como por exemplo uma porta ou um local inacessível momentaneamente em uma experiência guiada, e o jogador escolhe a maneira que prefere explorar.

O jogo dá a opção de “printar” locais ou tesouros inacessíveis para que você volte depois e resolva o puzzle com a habilidade adequada

 

 

Narrativa e Imersão Cultural: Apesar de alguns problemas na trama, a história muitas vezes se perde em segundo plano pois há muito o que se fazer em meio a tanta exploração e várias missões paralelas. No entanto, o comprometimento da Ubisoft com a representação cultural, como sempre é evidente, mesmo sendo um jogo com teor folclórico, durante o jogo encontramos referencias a história da Persia e do Irã, inclusive uma das opções de legendas e áudio, é na língua persa, o que na minha opinião já é uma marca da Ubisoft. É palpável o cuidado que a empresa tem nessas horas em suas ultimas produções.

Explorar cada canto é primordial para encontrar habilidades, itens e colecionáveis que dão mais contexto para a história, e isso é viciante demais neste jogo.

 

 

Conclusão: Em resumo, Prince of Persia: The Lost Crown surpreende se reinventando e volta como uma adição valiosa à franquia. Oferecendo uma experiência metroidvania envolvente, repleta de desafios inteligentes, gráficos sólidos e uma imersão respeitosa na cultura persa. Sua jogabilidade envolvente solidifica este título como uma entrada notável na renomada série Prince of Persia. The Lost Crown cativa os jogadores, encorajando-os a explorar cada canto de Mount Qaf, onde cada desafio superado é uma recompensa por sua dedicação. Ubisoft, por favor, agora que você viu que amamos a série, mande por favor o Sands of Time, estamos esperando, obrigado, de nada!

 

 

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Análise – Alan Wake 2

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*Apesar do esforço para escrever uma análise sem spoilers, podem haver menções de alguns detalhes menores da história.

Anunciado em 2021, 11 anos após o seu predecessor, Alan Wake 2 emerge como a tão aguardada sequência do primeiro jogo. Este intervalo temporal não é meramente uma lacuna entre lançamentos, mas é o mesmo espaço onde a narrativa se desdobra, se situando exatamente 13 anos após os impactantes eventos finais do primeiro capítulo. Após manipular a narrativa e reescrever a realidade para resgatar sua esposa, Alice, ao final do primeiro jogo Alan Wake desaparece no lago de Cauldron Lake, onde se vê aprisionado no “Lugar Obscuro” (The Dark Place, no original).

Em, 2023, uma série de assassinatos rituais irrompe em Bright Falls, e é sob a ótica da agente do FBI, Saga Anderson, que nos aventuramos na resolução desse novo mistério que paira sobre a cidade. Mas antes de assumir o papel de Saga, começamos o jogo sob a perspectiva de outro personagem, que acorda às margens de um lago noturno, onde, desprovido de roupas e orientação, somos lançados em uma floresta impenetrável. Ambos confusos, enquanto personagem e também jogador que assume seu controle, somos caçados por um sinistro grupo de pessoas, cujas máscaras encobrem suas intenções obscuras. A perseguição culmina em um momento onde a escuridão da floresta se encontra com o fio da faca, atravessando o coração de apenas um dos mistérios que permeiam o jogo.

Paralelamente, também assumimos o papel de Alan Wake no Lugar Obscuro. Em uma versão sombria e distorcida de Nova York, Alan descobre que deu início a um novo manuscrito chamado ‘Return’, mas que ele não tem nenhuma memória de ter escrito. Nessa narrativa sombria que ele próprio traçou, Alan embarca em uma busca para escapar do Lugar Obscuro, desvendando os mistérios que sua própria mente criou.

No cerne da narrativa está a dualidade entre luz e sombras, um tema intrínseco à franquia. Alan Wake, ao manipular a realidade por meio de sua escrita, não apenas encara os desafios criados por sua própria narrativa, mas também confronta os aspectos obscuros de sua própria psique. Essa dualidade se personifica em Mr. Scratch, uma figura que emerge das sombras como uma cópia distorcida de Wake, manipulando o manuscrito de “Return” para transformar a história em um pesadelo. A questão que se impõe é: Mr. Scratch é meramente uma criação da Presença Obscura, ou é uma manifestação distorcida do próprio Alan, personificando seus desejos e pensamentos mais obscuros?

Ao explorar essa dualidade, os conceitos de Sigmund Freud e Carl Jung sobre “a sombra” trazem alguma luz à questão (com o perdão do trocadilho). Freud abordaria essa dualidade como o inconsciente reprimido de Wake, emergindo de maneira distorcida. Jung, por outro lado, veria em Mr. Scratch a manifestação da “sombra”, os aspectos negados e não reconhecidos da psique de Wake personificados. Podemos considerar, talvez, que o embate entre Alan e Mr. Scratch, portanto, transcende a mera luta contra uma presença sobrenatural; é um confronto com os elementos mais sombrios da mente humana, uma jornada que ecoa as profundezas do próprio psicológico de Alan.

No contexto da literatura a figura de “Mr. Scratch” frequentemente emerge como uma representação simbólica do mal, sendo associada a entidades diabólicas. Essa alcunha tem sido utilizada ao longo da história, encontrando expressão em obras de autores como Nathaniel Hawthorne em “The Devil and Tom Walker” e Washington Irving em “The Devil and Daniel Webster”, então faz sentido que Alan Wake o tenha como seu nêmesis aqui.

Nessa dicotomia entre luz e sombras, Alan Wake 2 traduz magistralmente esses conceitos em suas mecânicas de gameplay. O jogo, adotando o estilo metroidvania, oferece experiências distintas nas partes controladas por Saga e Alan. Enquanto as andanças por Bright Falls e Watery, sob a perspectiva de Saga, revelam mapas abertos no mundo real – mas sempre em uma atmosfera opressora e muitas vezes claustrofóbica -, a jornada de Alan, na distorcida Nova York do Lugar Escuro, traz desafios e cenários completamente diferentes. Essa versão corrompida de Nova York é quase como um labirinto dentro da mente do protagonista.

Contando com a luz das lanternas que carregam e o auxílio de dispositivos como granadas de luz e sinalizadores, Alan e Saga dispõem de um arsenal considerável. Inicialmente munidos apenas de lanterna e pistola, ao longo da narrativa, desbloqueiam espingardas, rifles e outros equipamentos que se revelam essenciais na batalha contra a Presença Obscura. Tudo nessa sequência é infinitamente mais polido que o jogo anterior: combate, movimentação, esquiva e até mesmo um novo ataque corpo a corpo, que pode ser crucial em momentos de desespero.

E, considerando a atmosfera opressora, é justo elogiar o excelente trabalho técnico do jogo, especialmente no que diz respeito ao visual e ao som. Os gráficos dos cenários beiram o realismo, tanto na área de Bright Falls quanto na Nova York do Lugar Obscuro. Os modelos dos personagens também são extremamente bem feitos. A direção de arte merece destaque, criando um clima de opressão e incerteza a cada passo, seja pela sombras que transitam pelo cenário de forma irregular, seja pelos sons dos ambientes e das sombras que estão constantemente nos cercando. O trabalho artístico do jogo é primoroso, seja pelas músicas, pelos efeitos sonoros, pelas atuações e até mesmo pela fotografia, que trabalha constantemente tons de vermelho e obviamente o contraste de luz e sombras. A intercalação de cenas em live action em momentos cruciais da narrativa é feita de forma magistral, incluindo sequências musicais que ficarão marcadas para sempre.

A habilidade única de Alan de reescrever a realidade utilizando o “Quadro de Enredo” (que fica na Sala do Escritor, lugar onde Wake ficou aprisionado por anos no Lugar Obscuro), transforma as cenas em intricados puzzles que, por sua vez, alteram o cenário e avançam a narrativa, destacando-se como uma expressão direta da influência de sua escrita sobre a realidade. Além da alteração dos cenários por meio do Quadro de Enredo, Alan pode usar uma nova ferramenta para capturar a luz de certos lugares no cenário e colocá-la em outros, possibilitando assim uma grande variedade de situações, em que também é preciso desvendar puzzles no ambiente e liberar os caminhos para que Alan possa seguir em frente. A dualidade entre luz e sombras não é apenas temática; é incorporada nas mecânicas de jogo, onde a manipulação da luz é essencial para enfrentar as ameaças e os inimigos que Alan e Saga encontram durante a jornada.

Já na pele de Saga, a investigação se torna uma jornada mental, evidenciada pelo ‘Quadro de Casos’ em seu ‘Lugar Mental’ (assim como o Quadro de Enredo na Sala do Escritor de Alan). Essa ferramenta se revela crucial para desvendar os mistérios de Bright Falls, afastando-se do clichê ao incorporar elementos de interpretação de pistas, análise de perfis e conexão de pontos. A dualidade entre Alan e Saga não apenas se manifesta nas diferentes realidades que exploram, mas também nas ferramentas únicas que empregam para desvendar os enigmas, proporcionando uma experiência envolvente e imersiva.

Essa dualidade transcende não apenas as barreiras narrativas, mas se estende ao próprio tecido da existência, refletindo-se nos detalhes sutis da jogabilidade. A relação entre Saga e Alan, dois protagonistas em realidades distintas, ecoa a filosofia de Nietzsche sobre o ‘eterno retorno’, uma ideia que sugere a repetição interminável dos mesmos eventos ao longo do tempo. Através dessa dualidade, o jogo instiga reflexões sobre a natureza cíclica dos acontecimentos em Bright Falls e no Lugar Escuro.

Ao explorar essa relação entre luz e sombras, o conceito de ‘loop’ surge como uma peça chave na construção da narrativa. Ações em uma realidade reverberam na outra, criando uma teia complexa de influências que desafia a linearidade do tempo. Entretanto, à medida que nos envolvemos nesse emaranhado jogo de dualidades, somos levados a questionar se o que inicialmente parece ser um ‘loop’ infindável pode, na verdade, ser parte de algo mais complexo, um ciclo que se desenrola de maneiras imprevisíveis, e aqui eu paro para evitar possíveis spoilers.

Alan Wake 2 se envolve com a mitologia nórdica de maneira sutil e sugestiva, apresentando pequenos detalhes e conexões que permanecem em segundo plano, abertos à interpretação do jogador. A presença da banda fictícia Old Gods of Asgard, liderada pelos irmãos Thor e Odin, destaca-se como uma clara referência ao universo mitológico escandinavo, proporcionando uma ponte única entre a trama do jogo e as lendas antigas.

Essa conexão se amplifica ao explorar algumas teorias, como a sugestão de que “A Antiga Casa” (The Oldest House, no original) de Control pode ser uma representação da árvore da mitologia nórdica Yggdrasil. Esses elementos, mesmo que apresentados de maneira sutil, quase como Easter Eggs, criam uma fundação intrigante para futuras explorações dentro desse universo compartilhado.

A maestria de Sam Lake na escrita de Alan Wake 2 se evidencia pela abordagem séria mesmo diante dos elementos mais extravagantes. O jogo adota um humor seco e perspicaz, sem desviar da seriedade do enredo. Nomes como Mr. Scratch, The Clicker e The Herald of Darkness são apresentados de maneira direta, sem tentativas de inserir piadas ou sugerir que o jogo está ciente de sua própria natureza humorística. Esse comprometimento com a narrativa, mesmo nos momentos mais peculiares, sublinha a confiança de Sam Lake em sua história, resultando em uma experiência envolvente e coesa.

Diferentemente de muitas obras contemporâneas que buscam injetar piadas e referências metafóricas, Alan Wake 2 evita a armadilha de provocar risos à custa do enredo, optando por criar situações que proporcionam humor sem comprometer a seriedade da narrativa. A escrita de Lake é deliberada, respaldada por uma visão robusta que se destaca da “abordagem checklist” frequentemente observada em outros trabalhos da indústria (tanto de jogos, quanto de cinema). A inteligência do público é presumida, e a escrita não subestima a capacidade da audiência de compreender nuances, evitando explicações exageradas e mantendo uma abordagem sutil.

Essa filosofia de escrita é habilmente expressa no material escrito pelo próprio Alan Wake, encontrado durante a DLC AWE de Control:

“Be clever. Make them do the work. Form the image in their minds. They make it. You just imply. Incept. They are drawn to the mystery. Obsessed. You set it up, they put it together. Their interpretation. And there’s only one, because you give them no choice. And they believe in it, because it’s theirs now.”

(“Seja astuto. Faça com que eles trabalhem. Forme a imagem em suas mentes. Eles a criam. Você apenas sugere. Insere. Eles são atraídos pelo mistério. Obcecados. Você prepara o terreno, eles montam a cena. Sua interpretação. E há apenas uma, porque você não lhes dá escolha. E eles acreditam nisso, porque agora é deles.”)

A confiança de Sam Lake na inteligência do jogador é evidente, permitindo que a experiência seja uma coautoria entre criador e público.

Considerar Sam Lake como uma espécie de “versão ocidental” de Hideo Kojima não é apenas uma observação superficial. Ambos os criadores compartilham a habilidade de criar obras complexas, envolventes e repletas de camadas. Assim como Kojima, Sam Lake transcende as expectativas do convencional, introduzindo elementos narrativos inovadores e abordagens únicas. Ambos os criadores compartilham uma paixão pela criação de universos ricos e imersivos, desafiando as convenções e levando os jogadores a reflexões mais profundas. Cada um com sua distintiva abordagem cultural, mas unidos pela maestria em contar histórias que desafiam, intrigam e cativam.

Nessa tão aguardada sequência, Alan Wake 2 não apenas cumpre, mas supera as expectativas, mergulhando os jogadores em uma trama complexa e psicologicamente envolvente. A dualidade entre luz e sombras, tão central à franquia, não é apenas um tema, mas uma força motriz nas mecânicas de gameplay, refletindo-se também na narrativa e nas conexões entre os personagens. A maestria de Sam Lake na escrita e a confiança na inteligência do jogador são evidentes, proporcionando uma experiência coesa e repleta de camadas. O jogo não apenas contribui para a expansão e consolidação do ‘Remedyverse’, mas também se destaca como uma obra única, capaz de instigar reflexões sobre a natureza cíclica da existência e desafiar as fronteiras entre realidade e ficção. Alan Wake 2 é uma jornada imersiva e intelectualmente estimulante que permanecerá na memória dos jogadores por muito tempo.

O jogo está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

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Estivemos no MEG 2023, e o evento foi incrível.

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MEG é a maior plataforma de competição e entretenimento de eSports da América Latina, onde os jogadores se colocam numa experiência competitiva que conecta vários universos gamers, seja em console, PC ou dispositivos móveis.

O campeonato é um evento inclusivo (em 2023 todas as modalidades são mistas), que acolhe comunidades, entretenimento etc. Guiado pelo conceito Zero to Hero, o MEG permite que amadores e profissionais possam competir lado a lado em todas as modalidades, o campeonato começa pela fase Open, que é disputada entre amadores; em seguida é a vez dos playoffs, onde os melhores da Open enfrentam os profissionais de cada modalidade.

Organizado pela Good to Game (GTG) e pela Player 1 Gaming Group, o MEG estreou duas novas modalidades este ano: League of Legends e VALORANT, dois dos jogos mais populares do mundo. Ambas as competições contam com a parceria inédita da Riot, uma das maiores desenvolvedoras de games do mundo, que anunciou o apoio dentro de sua janela off season. Em cada uma destas novas modalidades, o prêmio que foi de R$100.000,00.

As modalidades que aconteceram foram entre elas, VALORANT, League of Legends, Fortnite, Tekken 7, Clash Royale, eFootball Console e eFootball Mobile

Nós estivemos presentes no evento e a estrutura estava incrível, existiam dois ambientes, o do grande stage onde as competições aconteciam e o ambiente externo no hall onde os telespectadores podiam jogar nos equipamentos disponíveis. No dia 5 de novembro o dia em que estivemos presente, aconteceram justamente as finais das categorias e que estão sendo transmitidas na SPORTV3.

SPORTV 3 vai exibir a reprise das finais do MEG 2023, veja a programação:

Dia da Semana

Data

Hora

Duração

Canal

SEG

06/11

21:00

5 horas

SPORTV 3

TER

07/11

07:00

5 horas

SPORTV 3

QUA

08/11

02:00

5 horas

SPORTV 3

QUA

08/11

23:00

5 horas

SPORTV 3

SEX

10/11

02:00

5 horas

SPORTV 3

Quem faz o MEG:

GTG

A GTG (Good To Game), a vertical de games e eSports da V3A, surgiu como uma one stop shop do setor para oferecer oportunidades de patrocínios e negócios em seus eventos, projetos proprietários, consultoria tailor made, entre outros serviços. No portfólio, a empresa conta com o Prêmio eSports Brasil e o MEG, a maior competição multiplataforma de eSports da América Latina.

 

Player1 Gaming Group

Fruto do spin-off da unidade de Games e eSports da Globo, a Player1 Gaming Group é uma startup investida da Globo Ventures, responsável pela gestão do ‘Ecossistema Player1 de eSports’. Um portfólio com diferentes iniciativas que se integram de forma sinérgica, como a plataforma Player1 eSports (matchmaking e team making); os torneios e campeonatos de eSports: JEE (liga escolar), TUeS (liga universitária), CBCS (circuito brasileiro de CS:GO), eGol (campeonato brasileiro de eFootball), os eventos Prêmio eSports Brasil, MEG e Rio2C Summit Game+; a LnK Gaming, empresa de gestão de ligas de eSports;  Street Gamers, hub de ativação e conteúdo crossover na tríade Game-Skate-Música, os canais digitais Player1 (youtube, twitch, instagram, facebook, twitter e tiktok); e a Player1 Studios, com produções e co-produções de programas, séries e realities como ‘No Gás do Just Dance’, ‘FC Futebol de Casa’, ‘Looking for a Caster’ e ‘Looking for a Streamer’.

Quais foram os competidores:

  • Clash Royale – CAL Sub x STMN Ardentoas

  • LoL – FURIA x RED Canids

  • eFootball Console – HenrykinhO x GuiFera99

  • Tekken 7 – Leoxaves x REZ

  • VALORANT – FURIA x XIT

O secretário de Esporte e Lazer do Rio visitou o MEG e disse:

“Queremos muito utilizar nossos espaços de mídia institucional para mostrar a importância dos eSports para a economia, além de mostrar que o governo tem instrumentos para manter o segmento aquecido,” disse Rafael Picciani. Sobre os eSports, o secretário destacou as amplas possibilidades profissionais oferecidas pelo mercado. “Se um atleta de esportes eletrônicos não seguir a carreira de atleta, ele tem outras possibilidades, como ser programador, streamer etc. Por estar dentro do setor, ele tem uma gama de possibilidades para direcionar a carreira,”, avaliou o secretário.

Nossa equipe Playsnation Brasil agradece ao evento pela possibilidade de poder fazer parte da equipe de cobertura,nossos seguidores podem acompanhar um pouco em nossas redes sociais.

FACEBOOK:  https://www.facebook.com/playnationbr

INSTAGRAM:  https://www.instagram.com/playnationbr/

 

Fonte: playmeg.gg

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