Análises
Análise – Dead Space (2023)
Análise Dead Space (2023)
A série da EA que marcou época na geração PS3/360, volta de forma surpreendente e atualizada para ao padrões atuais. Será que, ainda hoje, mantém seu status de clássico cult do terror de sobrevivência?
Em 2022, a EA Motive anuncia inesperadamente o remake do primeiro jogo da série Dead Space. O anúncio foi totalmente bem recebido pelos fãs, talvez pelo fato de que seria um remake – que, como nome bem diz, é o jogo refeito-, o que diminuía a desconfiança de ser um trabalho qualquer como vários remasters que vemos por aí (que são apenas um leve “upgrade” em aspectos visuais e às vezes técnicos).
O Victor de 2008, ano de lançamento do jogo original, estava ocupado com a infeliz realidade de ter apenas um Nintendo Wii – olhando agora para trás, o pior console daquela geração -, enquanto via meus amigos jogando Assassin’s Creed ou GTA. Então, essa análise não é de um profundo conhecedor da versão original do jogo, apesar de ter o jogado algum tempo depois. Além do mais, muitas análises que se vê por aí querem responder se foi necessário esse remake, enquanto o meu objetivo aqui é avaliar se é um bom jogo de terror para se jogar em 2023. Afinal de contas, 15 anos se passaram, e Dead Space é considerado um clássico cult (sim, clássico, sentiu a coluna aí? Eu também). Porém, visto que é impossível não citar o material original, serei breve nas comparações.
Visão Geral
Pois bem, é hora de conhecer (ou voltar) para o USG Ishimura, a nave de mineração espacial que emite um sinal de socorro, e nós, na pele de Isaac Clarke temos que averiguar o que ocorreu por lá. No local, somos surpreendidos por um cenário desolador, e com poucas (e as vezes ineficientes) armas, temos que nos defender da ameaça dos xenomorfos, enquanto o mistério do que realmente está acontecendo vai se desenrolando.
A memória pode falhar um pouco ao lembrar do jogo antigo e, de fato, talvez ela não te engane se você se lembra de um jogo bonito. 2008 foi um ano de bons lançamentos e a indústria passava por um momento em que patamares decentes de gráficos já eram alcançados. Porém, olhando lado a lado você consegue verificar o significante salto que tivemos e, hoje sim mais do que nunca, podemos dizer que alcançamos padrões cinematográficos – se não quase-. As imagens falam melhor por mim:
“Os gráficos são excelentes, com muita atenção dada aos detalhes do cenário e dos personagens. As áreas do jogo continuam claustrofóbicas e escuras, contribuindo bastante para a criação da atmosfera de suspense e tensão.”
Jogabilidade
“Cut of their limbs” (corte os membros deles)
Dead Space é uma série de jogos em terceira pessoa, em que você deve derrotar inimigos alienígenas, os xenomorfos, enquanto administra seu inventário de itens limitados, resolve puzzles e desvenda o que está acontecendo nessa nave aterrorizante. No início do jogo vemos escrito com sangue na parede a frase “corte os membros deles”, que dá a dica e o tom do tipo de inimigos que iremos encontrar.
Não é como em Resident Evil, headshots não resolvem. O ideal é desmembrar os alienígenas afim de incapacitá-los para que morram mais rápido, e isto não é uma tarefa fácil, principalmente com a tensão rondando a cada sala explorada. E fica meu destaque para o sistema de desmembramento dos inimigos, baseado em tecidos do corpo. Ao atirar e vemos camadas de músculos, depois ossos, e conseguimos identificar geralmente qual parte dos monstros estão mais frágeis, sendo dessa forma um combate um pouco mais estratégico.
Gráficos e Performance
Para não ser redundante, tudo foi refeito. A engine Frostbite, usada nesta versão, serviu de base na criação de modelos de personagens e inimigos novos, texturas detalhadas e melhorias no ambiente de forma geral. Os gráficos são excelentes, com muita atenção dada aos detalhes do cenário e dos personagens. As áreas do jogo continuam claustrofóbicas e escuras, contribuindo bastante para a criação da atmosfera de suspense e tensão.
Na plataforma testada (PS5) temos dois modos de imagem: Qualidade (30fps, 4k e Ray Tracing) e Performance (60fps, 2k e sem Ray Tracing).
O jogo não é simplesmente mais escuro agora. A tecnologia de iluminação (incluindo Ray Tracing no modo gráfico) contribui para o clima de suspense à cada nova área explorada. A lanterna que é acionada quando se mira com armas é a sua melhor amiga aqui, pois em algumas áreas, ela é tudo o que você tem para se orientar.
“Ó o bixo vindo, muleque”
Som
Novas tecnologias permitem um som mais aprimorado. É impecável o trabalho da produção, que altera a trilha quieta por uma trilha agonizante, digna dos filmes de terror. Quando uma ameaça se aproxima, tudo faz parte da tensão e, no Playstation 5, há o som de alguns efeitos saindo pelo DualSense, o que aumenta ainda mais a imersão.
Pontos fortes
Me parece natural que essas melhorias tragam para o jogo alguns upgrades além do visual referente ao jogo base. Elas teriam que vir acompanhadas de aprimoramentos até na narrativa em si, que ganha novos detalhes, ganha certa profundidade com o fato de que agora o protagonista tem voz, e de que novas missões paralelas também foram adicionadas. Alguns puzzles com painéis que controlam a energia elétrica são novas adições que te fazem perambular mais pelos cenários. E haja coragem (porque eu não tenho muita, não, rs.)
Está de volta uma das características mais icônicas do jogo: a falta de um HUD (painel que mostra status de vida, armas, etc.) O nível de saúde do personagem é mostrado neste tubo nas costas dele, que mais parece uma espinha dorsal, e é basicamente a única informação que você tem a todo momento mostrada ali. Toda informação além disso faz parte da imersão, é incrível.
A história, que vai ficando cada vez mais envolvente, é apresentada com diálogos em vídeos com outros personagens e por documentos encontrados pelo cenário. Porém, é possível conseguir pistas com mensagens escritas em paredes com sangue, ou até avaliando o cenário em si. Por exemplo: entrei em um laboratório em que haviam experimentos com bebês, e de repente, sou atacado por mini monstros. Acontecimentos assim vão moldando a história e te fazendo estar cada vez mais consciente do que está à sua volta.
A progressão do jogo é em capítulos e, a cada um, novas armas e inimigos são apresentados. Existe também um sistema de upgrade de armas e equipamentos, que auxiliam conforme o jogo te coloca em situações mais desafiadoras.
Isaac Clarke utilizando a Stasis, um dos poderes disponíveis que vão auxiliar, e muito, na exploração, principalmente em quebra-cabeças.
Pontos fracos
Não existe muito o que se apontar. O jogo cumpre o que promete, mas se eu tivesse que destacar algo que não me agradou seriam as armas novas, que me parecem muito mais fracas em relação às antigas. Além disso, penso que não sou fã do sistema de upgrade, que depende de itens escassos que temos que encontrar, complicando nosso planejamento, já que em um terror de sobrevivência, a administração dos itens é primordial.
Considerações Finais
Com uma história instigante, um ambiente tenso (mas legal) de ser explorado, e completamente reformulado para os dias atuais, Dead Space é um jogão. E digo mais, o fato de ter sido baseado no jogo clássico, diminui o impacto que ele teria sendo o primeiro jogo da série hoje, uma vez que as pessoas já sabiam o que esperar. De fato, Dead Space é um dos melhores terrores de sobrevivência e, para mim, esta versão renova e reafirma este posto. Apenas jogue.
Agradecemos a EA Motive pela cópia cedida do jogo na versão Playstation 5